Meu mistério

Ela é considerada o mistério em pessoa. Quando parece estar se revelando, se fecha mais bruscamente ainda. Seus fones de ouvidos nunca desgrudam, e não há alguém que saiba ao certo que melodia ela tanto escuta ali, o volume é baixo ao ponto de não se escutar nem um ruído e tão alto a ponto de ela não escutar nada mais ao seu redor. Caminha lentamente com pressa, parece sempre ter onde ir e não parar pra nada. Mas mesmo assim não deixa de olhar atentamente os detalhes das ruas, das pessoas, do clima no grande termômetro da cidade. Ninguém sabe ao certo suas paixões, quem ela ama fica nas entrelinhas do seu caderno rabiscado, quem amou fica em sua memória. Sua vida é escrita em códigos que até ela se perde entre as palavras. Seria ela um mistério pra si própria? Talvez. Um dia lhe sorri timidamente mas com sinceridade, no outro, nem te olha e demonstra uma fúria animal quase gritando para que se afaste. Um bipolarismo só, como ela consegue viver assim? Não se aproxima, você é quem deve se aproximar. Ela não falará com você, você deve ter algum assunto, senão esqueça. Ela não virá atrás. Chora escondido em meio a longos banhos, antes de dormir por aquele amor antigo e frustrado, e suas brigas familiares. Seus amigos são poucos, são os mesmos grupos a anos, alguns de dias mas que só considera-os de vista, um máximo bom dia e risadas é que eles conseguirão dela. Seus sentimentos estão em um baú, trancado a 10 ou mais chaves, sabe se lá Deus, trancados até pra ela própria. É a timidez em pessoa, é a sinceridade na carne viva, o falante no megafone, mas isso, só quando ela quer. Se não quer, diz um "que seja" e aumenta o volume no seu velho celular. Não se abre com muitos, só tira a casca, nunca se abrirá completamente á  ninguém. As palavras a consola quando tudo desmorona, seus textos a acalmam e lhe retiram todo o peso.
Mas o que ela gosta mesmo, é de escrever memórias sabe.

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